Ainda deitado no velho sofá, não sentia as horas passarem. Não se incomodava com o movimento das pessoas dentro de casa porque simplesmente não as percebia, era como se o seu cérebro não as identificassem e ele também não fazia muita questão do contrário.
Ele havia perdido a timidez e não consiguiu conter as suas lágrimas e ali mesmo elas rolaram, àquele mesmo choro silencioso que o atormentava. Sentiu uma pontada tão forte em seu peito que o fez perder a fala, a respiração estava difícil e a mente estava vazia, não sabia o que estava acontecendo e então mergulhou na inconsciência novamente.
Chovia muito mas o céu estava azul, ele caminhava sozinho pela rua; seu corpo estava encharcado mas ele não se importava, sua pele já não sentia mais a temperatura das gotas. Era tudo muito diferente, a rua costumava ser movimentada naquele horário. Ele sentia uma dor no peito quase que insuportável, suas pernas fraquejaram e então ele caiu, seu corpo bateu com força o asfalto e tudo o que ele pôde enxergar foi o rosto daquele que ama à sua frente, por uma última vez viu aqueles olhos e sentiu aquele perfume que jamais esquecia, pela última vez.
O ar já não preenchia seus pulmões, e então seus olhos se fecharam.
Acordou aflito, suspirando e sentia em sua face o desespero estampado. Não demorou muito e ele teve a certeza de que a febre havia passado por ele. Que sonho pesado, ele pensou. Olhou à sua volta e a moça loira o olhava com preocupação.
Tudo ainda estava girando, e ele lutava com o equilíbrio para chegar até o seu quarto; queria tomar um banho, queria acordar, queria sair daquele pesadelo. Passou pelo espelho e não teve coragem de olhar, escolheu ficar na dúvida. Quando a água quente começou a cair sobre seu corpo, sentia como se cada centímetro dele relaxasse, como se o seu corpo se alongasse. Ficou alguns minutos ali, parado; a água caía na mesma velocidade que suas lágrimas.
Continua...
Rafael Pimentel
3 comentários:
Pela ultima vez /cry
Seria um 'coma' onde ele percebe que tudo esta ali a sua volta, mas na verdade não pode ver nem sentir. Algumas partes me lembram o livro 'Coraline' de Neil Gaiman.
Passo por isso sempre. Só gargalho ao invés de chorar.
Isso aí, mande brasa nos textos: a blogosfera necessita de cultura!
abç
Pobre Esponja
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